Márcia Ramos
Fazer poesia é derramar amor sobre uma folha de papel em branco!
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Textos


A viagem de trem...

Há algum tempo atrás, eu ficava imaginando como seria viajar de trem.
Quando ele passava, via aquelas pessoas penduradas nas portas, ou até nos tetos, e pensava...
Esta viagem deve ser uma verdadeira aventura!
Tempos depois, tive que pegar um trem pela primeira vez e senti um verdadeiro frio na espinha...
Como seria lá dentro?
Bom, para começar, não sabia nem comprar a passagem, imagine descobrir a plataforma certa do embarque...
Após muitas perguntas aos funcionários, descobri (qual não foi a minha surpresa...) que poderia embarcar em um trem de ar condicionado (igual ao metrô)!
As coisas já estavam melhorando e o meu apavoramento, diminuindo.
Entretanto, tudo estava apenas começando...
Precisava saber onde soltar; e como fazer, se não conhecia nada!
O jeito foi sair perguntando... Rezando para alguém ficar na mesma estação que eu!
O trem chegou. Porém, não foi o tal de ar condicionado, mas um caindo aos pedaços e com um barulho ensurdecedor!
Entrei, sentei e com os meus óculos escuros, é claro, fiquei a observar tudo à minha volta.
De repente, tive a sensação de estar em pleno mercado livre.
As pessoas vendem tudo o que sua mente possa imaginar; desde chumbinho para ratos até chocolates da Nestlé!
E não para por aí...
Quando olhei para o lado, percebi alguém escondendo alguma coisa sob os bancos e homens de farda vermelha (fiscais ferroviários) vistoriando os vagões e levando alguns vendedores com suas respectivas mercadorias.
Imagine o rebuliço no local!
Tudo parou... Inclusive eu, que estava estática, pensando estar participando de uma cena de novela.
Após alguns minutos de tensão, tudo voltou ao normal.
Ali podíamos encontrar crianças, mulheres grávidas, idosos e jovens tentando sobreviver mais um dia.
Ao olhar, podemos não perceber, mas fico imaginando como deve ser voltar para casa, após mais um dia de trabalho dentro de um trem sacolejando de um lado para o outro, e muitas vezes, sem vender nada...
O coitado deve cair na cama e só acordar no dia seguinte!
Os meus pensamentos voltaram e notei que já estava quase chegando ao meu destino.
Quando pensei que já tivesse visto tudo, eis que sou pega de surpresa com um grupo de pessoas entrando no vagão com a bíblia na mão e pasmem... Para pregar! Não sei como, pois além do barulho que o trem fazia, tinha que ter muito autocontrole para falar, se equilibrar e raciocinar.
O culto começou e durante o trajeto percebi que o objetivo daquelas pessoas suplantava as dificuldades.
Creio que todos deveriam passar por essa experiência, pois aprenderiam a valorizar pequenas coisas do dia-a-dia, como:
A superação diante dos problemas, o amor e a fé que une os seres humanos, a solidariedade e a força interior existente em cada um de nós.
O tempo passou muito rápido e eu já estava chegando à estação.
Mas ainda observei um senhor que parecia o pêndulo de um relógio...
Ia para lá e para cá, dormindo e quase babando sobre uma passageira. A coitada, sem saber o quê fazer, de vez em quando lhe dava uma cotovelada e só então, o cidadão acordava sobressaltado, olhando para todos os lados.
Bom... Será que a história terminou?
É lógico que não!
Lá está o nosso amigo roncando novamente...
Ainda bem que a minha estação chegou, pois eu já estava ficando nervosa com aquela situação.
Discretamente, levantei e me posicionei na porta.
Dei uma última olhada e pensei:
Essa viagem de trem foi inesquecível!








Márcia Ramos
Enviado por Márcia Ramos em 04/01/2009
Alterado em 20/04/2011
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